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A mudança de paradigma na dance music

2/fevereiro/2008
Nos anos 90, quase tudo o que recebia a alcunha de “dance music” era caracterizado pelo destaque influente de linhas de teclado, sintetizados ou não. Um bom exemplo disso é o que o Sound Factory fez com “Understand this Groove“, ou Crystal Waters com “Gypsy Woman (She’s Homeless)“, por exemplo.
Já nos tempos recentes, a tendência tem sido que a marcante presença dos teclados seja substituída por cordas, guitarras ou violões vibrantes que caracterizam a música. E bons exemplos desse tipo são bem conhecidos. Talvez o maior sucesso nessa linha tenha sido “Love Generation“, do Bob Sinclair.
No entanto, a observação desse contexto se deu unicamente como pretexto para apresentar duas músicas que têm martelado bastante na minha cabeça e que são bem características dessa nova tendência da dance music. Ambas são de 2006 e apenas tiveram sucesso relativo no Brasil: Just Jack com “Starz in Their Eyes” e The Shapeshifters com “Incredible“.
Ficam as dicas! Divirta-se!
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Jazz-Rap: o fino do hip hop

9/abril/2007

Atualmente, quando se fala em hip hop, as primeiras referências são artistas como OutKast, Jay-Z ou 50 Cent, sucessos comerciais estrondosos desde que Puff Daddy re-inaugurou e Eminem popularizou a tendência lançada por MC Hammer no final dos anos 80.

No entanto, não é no mainstream em que se encontram as verdadeiras pérolas que serviram de exemplo para o hip hop atual. Deste aclamado gênero musical, falo no Jazz-Rap, subgênero que provou que hip hop não precisa ser apenas rap com exageros de palavras ofensivas e culto ao que há mais reprovável na vida urbana.

Ao falar em Jazz-Rap, destaco, portanto, quatro grupos que deixaram muitas saudades:

A TRIBE CALLED QUEST:

A Tribe Called Quest - People’s Instinctive Travels and the Path of RhythmUm dos primeiros expoentes do chamado Jazz-Rap, ao lado de De La Soul e Jungle Brothers. Experimentalistas por natureza e considerados por muitos como o “mais inteligente” grupo de rap do início dos anos 90, o trio nova-iorquino foi responsável pelo lançamento de uma seqüência de três álbuns próximos da perfeição neste gênero! O primeiro álbum foi lançado em 1990: People’s Instinctive Travels and the Paths of Rhythm.

A Tribe Called Quest - The Low End TheoryO segundo, verdadeiro clássico, veio em 1991: The Low End Theory. Dois anos depois veio Midnight Marauders. Impossível não balançar a cabeça ao som de qualquer desses álbuns. Referência obrigatória para quem gosta – e para quem diz que gosta – de hip hop da melhor qualidade, com samples de clássicos do jazz, do funk e do soul; temáticas menos violentas e algumas até divertidas (como o colesterol no presunto com ovos e o perigo de doenças venéreas).

No primeiro álbum, destacam-se Bonita Applebum, Can I Kick It? e o primeiro sucesso do grupo, Description of a Fool. Já no segundo álbum – aquele eleito como o grande clássico do grupo – destacam-se Check the Rhime e Jazz (We’ve Got). Já no terceiro álbum, a recomendação vai para Award Tour – provavelmente o maior sucesso do grupo -, Steve Biko (Stir It Up) e Lyrics to Go.

A Tribe Called Quest foi um grupo que marcou seu lugar na história do hip hop e os duelos entre Q-Tip (Jonathan Davis) – que fez participação especial em Groove Is in the Heart, do Deee-Lite – e Phife Dawg (Malik Taylor), acompanhados pelo DJ Ali Shaheed Muhammad, realmente deixaram saudades. Ainda bem que uma legião de grupos influenciados por eles vieram, como os que serão comentados a seguir.

ARRESTED DEVELOPMENT:

Arrested Development - 3 Years 5 Months & 2 Days in the Life of…Talvez o mais promissor grupo de hip hop do início dos anos 90, inclusive recebendo o merecido Grammy de Melhor Novo Artista, em 1992, ano em que o monstruoso sucesso do álbum de estréia, Three Years, Five Months and Two Days in the Life of… (uma jocosa referência ao tempo que o grupo levou para assinar contrato com uma gravadora), também lhes rendeu o recebimento do Grammy de Melhor Grupo de Rap. Uma façanha notável em se tratando de um grupo novo e de uma premiação tão “comercial”.

Diferente dos demais grupos e não buscando seguir a tradicional fórmula que a dance music da época tomou emprestada do hip hop, este primeiro trabalho do Arrested Development mostrou uma excelente desenvoltura em mesclar o hip hop com baladas pop, como se ouve em Mr. Wendal, um dos singles de maior sucesso neste álbum, ao lado de Tennessee, que alcançou o topo das paradas e vendeu mais de 4 milhões de cópias.

A grande decepção foi que os trabalhos posteriores do grupo não alcançaram a expectativa que deles se esperava, já que haviam trazido tão bem o conteúdo político e a crítica social mais inteligente para dentro do hip hop com sonoridade menos hardcore. O Arrested Development, nesse sentido, está para o hip hop tal como Crystal Waters está para a dance music.

DIGABLE PLANETS:

Digable Planets - Reachin’O Digable Planets nunca foi muito conhecido no Brasil, apesar de ter sido tema de matéria no Fantástico em meados dos anos 90. Tudo porque após o lançamento do primeiro álbum do grupo, Reachin’ (A New Refutation of Time and Space), de 1993, tornou-se a maior sensação do hip hop alternativo nos Estados Unidos. Isso logo após o grande sucesso do primeiro álbum do Arrested Development, evidenciando-se no fato de que o grupo ganhou, em 1993 (ano seguinte ao prêmio do Arrested Development), o Grammy de Melhor Grupo Rap, também em sua estréia.

O trio era formado por Butterfly (Ishmael Butler), Doodlebug (Craig Irving) e Ladybug (Mary Ann Vieira, nascida no Brasil e filha de brasileiros, mas que viveu a vida toda nos Estados Unidos). Essa “raiz brasileira” do grupo, apesar de aparentemente não ser de grande influência, foi o elo de divulgação – insuficiente, é verdade – do Digable Planets com o Brasil.

Além disso, se houvesse necessidade de exemplificar definitivamente o termo Jazz-Rap com um caso prático, não há dúvidas de que o Digable Planets seria o exemplo perfeito, ao samplear grandes mestres do jazz e do funk como Curtis Mayfield e Sonny Rollins. A influência do jazz era tão grande que motivou uma grande discussão na comunidade musical sobre a “classificação” do grupo, muitas vezes definido como pertencente ao Acid Jazz.

O maior destaque do primeiro álbum foi Rebirth of Slick (Cool Like Dat), também escolhido como primeiro single do grupo e o de maior sucesso, com sua forte influência de jazz, batida e ritmo contagiantes e uma belíssima sintonia entre os membros do grupo nos vocais.

Digable Planets - Blowout CombNo ano seguinte, o grupo deu continuidade ao seu trabalho de referência no Jazz-Rap com Blowout Comb, que teve um sucesso até semelhante ao primeiro álbum, apesar de não ter causado o mesmo impacto. Ainda assim, é a demonstração clara do que seria exatamente o Jazz-Rap, como se torna evidente em faixas como Black Ego, Jettin’ e K.B.’s Alley (Mood Dude Grooves). Já Dial 7 (Axioms of Creamy Spies) e 9th Wonder foram os dois singles deste álbum, muito bem escolhidos, por sinal.

FUGEES:

The Fugees - Blunted on RealityPrimeiro eram o Tranzlator Crew, depois mudaram para Refugee Camp. O importante é que a parceria entre Lauryn Hill, Pras (Prakazrel Michel) e seu primo Wyclef Jean formou um dos mais exituosos grupos de hip hop da história do gênero, responsável – inclusive – por popularizar o rap entre pessoas que viam no hip hop apenas a desgastada e ofensiva cena “gangsta”. Além da tendência ao Jazz-Rap, o trabalho do Fugees também se aproximou bastante do Rhythm’n’Blues, o que talvez tenha sido o grande segredo do seu sucesso.

Além disso, não só os dois álbuns oficiais do grupo foram fenomenais – primeiro o quase desconhecido Blunted on Reality, de 1994, e depois aquele que estorou internacionalmente como grande sucesso, The Score, de 1996 – como também as carreiras solo de Wyclef Jean e, principalmente, de Lauryn Hill.

The Fugees - The ScoreO primeiro álbum traz como maior sucesso Nappy Heads, que traz uma engraçada referência a What a Wonderful World, de Louis Armstrong. Além disso, é a faixa de abertura do álbum (após as tradicionais “Intros” que marcam boa parte dos álbuns do gênero), e já mostra a que veio este álbum, com uma batida funk marcante e metais de jazz no break, que continuam em evidência em Blunted Interlude. O outro grande destaque vai para Vocab, talvez a faixa que possa marcar o início de algo que poderia ser conhecido como “hip hop acústico”. Já o clássico The Score traz regravações de No Woman No Cry, de Bob Marley – evidenciando a Jamaica como uma das eternas referências do hip hop, bem como sua própria origem – e Killing Me Softly With His Song, de Roberta Flack; e também traz dois grandes sucessos: Ready or Not e Fugee-La.

Na cena dita “alternativa”, aquela na qual o Fugees surgiu e com todo o sucesso alcançado se viu obrigado a deixar – o que levou, naturalmente, ao fim do grupo – não se teve mais notícia de qualquer outro grupo cujo brilhantismo tenha sido tão festejado. Desde então, o hip hop passou a ser “dominado” por tudo aquilo que hoje conhecemos (e alguns até dizem ter vergonha). Não è a toa que, particularmente, sou tão afeiçoado a coisas do passado. Redescobrir os sucessos do que ficou par trás na história é minha arte favorita. Eis quatro belos exemplos do que estou falando.

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That 80’s Party!

5/abril/2007

A próxima edição da já aclamada That 80’s Party! acontecerá no dia 30 de abril (véspera do feriado do Dia do Trabalho), a partir das 22h, no Sport’s Bar do Amici’s (Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura). O destaque da festa será o filme Os Goonies, um dos maiores clássicos juvenis da década de 80 e que deixou saudade em dez entre dez crianças e adolescentes que cresceram naquela época!

Os Goonies

No comando das pick-ups continuam os DJs Marquinhos e GVale, promovendo a viagem do tempo em prol da nostalgia, das boas lembranças e do excesso de diversão!

 

 

SERVIÇO:
That 80’s Party!
Data: 30 de abril de 2007, 22:00h
Local: Buoni Amici’s Sports Bar (Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura)
Discotecagem de DJS Marquinhos e GVale.
Nos telões, um tributo aos Goonies!
Informações: (85) 3219.5454